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Adélia Sampaio – A Primeira Cineasta Negra a Gravar um Longa-Metragem na América Latina
Adélia Sampaio, uma imponente figura da indústria cinematográfica brasileira, é notável por ser a primeira diretora negra a produzir um longa-metragem no Brasil. Este marco histórico não só desafiou as normas sociais da época, mas também estabeleceu um precedente para as futuras gerações de cineastas negros.
Início de Carreira e Primeiro Contato com o Cinema
Adélia Sampaio descobriu sua paixão pelo cinema aos 13 anos. Ela estava determinada a ver um de seus filmes exibidos nas telas e compartilhou esse sonho com sua irmã logo após sair de uma sessão de cinema.
Sua jornada para se tornar cineasta foi longa e desafiadora. Em 1968, Adélia conseguiu um emprego como telefonista na Difilm, uma produtora que lançou grandes nomes do movimento Cinema Novo. Lá, ela teve a oportunidade de conviver com cineastas renomados como Glauber Rocha, o que influenciou profundamente sua carreira.
O Desafio de Ser Mulher Negra no Cinema
Adélia enfrentou muitos desafios em sua carreira, principalmente por ser uma mulher negra em um set de filmagem dominado por homens brancos. Ela foi constantemente subestimada e desencorajada, mas nunca deixou que isso a impedisse de realizar seus sonhos.
Ela compartilha: ‘Algumas pessoas com quem eu trabalhei diziam ‘o dia em que você alisar o cabelo vai melhorar muito a tua vida’, mas eu respondia ‘então, meu amor, eu vou ficar na pior’’.
A Importância do Trabalho Coletivo
Adélia sempre acreditou na importância do trabalho coletivo no cinema. Sem nenhum recurso ou financiamento, ela produziu seu primeiro longa-metragem, ‘Amor Maldito’, de forma cooperativa. ‘Eu realizei todos os meus trabalhos com um ajuntamento de pessoas porque eu acredito que cinema é isso: a arte do coletivo’, declarou Adélia.
Primeiro Longa-Metragem
O primeiro longa-metragem de Adélia, ‘Amor Maldito’, foi lançado em 1984. O filme é uma ficção baseada em fatos reais que retrata a relação amorosa entre duas mulheres, a executiva Fernanda e a ex-miss Sueli, que termina em tragédia, seguida por um julgamento criminal cheio de falhas e preconceitos.
Devido à polêmica trama, o filme foi rejeitado pela Embrafilme e não pôde ser exibido e distribuído nas salas de cinema do Brasil. Adélia foi forçada a lançar o filme na categoria de pornô para que ele pudesse ser exibido em apenas oito cinemas de São Paulo.
Outros Trabalhos
Além de ‘Amor Maldito’, Adélia dirigiu outros dois longas-metragens documentários: ‘Fugindo do Passado’ (1987) e ‘AI-5 – O Dia que não existiu’ (2001), em co-direção com o jornalista Paulo Markun. Como produtora, Adélia participou dos filmes ‘Parceiros da Aventura’ (1980), ‘Ele, Ela, Quem?’ (1980) e ‘O Segredo da Rosa’ (1974). Algumas de suas obras estão disponíveis no canal do Youtube da cineasta.
Ativismo e Combate ao Racismo
Adélia sempre foi uma defensora fervorosa da igualdade racial. Ela acredita que é necessário que cada pessoa de cor tenha consciência de sua herança e história. ‘Temos que acabar com esse negócio de ‘eu sou pardo, eu sou mulata’. Tem preto, branco e amarelo, e ponto’, declara Adélia.
O Futuro de Adélia Sampaio
Hoje, aos 79 anos, Adélia continua a produzir documentários e a viajar pelo Brasil para exibir e discutir suas obras. Ela acredita que o cinema deve refletir a realidade e causar impacto. ‘Eu acredito que o cinema tem que mostrar a realidade para as pessoas, causar impacto’, defende Adélia.
Adélia Sampaio é uma verdadeira inspiração para todos os cineastas que aspiram a quebrar barreiras e fazer a diferença através de sua arte. Seu trabalho e seu legado continuam a influenciar a indústria cinematográfica brasileira e a inspirar cineastas em todo o mundo.
> ‘Eu acredito que o cinema tem que mostrar a realidade para as pessoas, causar impacto.’ – Adélia Sampaio
Referências
Quem é Adélia Sampaio, a primeira cineasta negra a gravar um longa-metragem na América Latina
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