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Refugiados qualificados da Ucrânia encontram escassas oportunidades em Portugal
Introdução
No dia 24 de fevereiro de 2022, a Europa presenciou o início do primeiro conflito militar desde o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945. A Ucrânia se tornou o campo de batalha, com sirenes soando e ordens de toque de recolher sendo emitidas à medida que as tropas russas avançavam. Este cenário desolador desencadeou uma das maiores ondas de refugiados na história recente da Europa, com uma considerável parcela deles buscando abrigo em Portugal.
Refugiados ucranianos em Portugal
De acordo com o ACNUR (Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), mais de cinco milhões de ucranianos optaram por permanecer em seu país, mas se refugiaram em outras cidades ucranianas menos afetadas pelo conflito. Entretanto, outros 6,2 milhões decidiram deixar a Ucrânia, buscando refúgio em países vizinhos, como Polônia, Moldávia e Romênia, ou mesmo em países mais distantes, como Portugal, que recebeu mais de 50 mil refugiados.
Perfil dos refugiados
Muitos desses refugiados são mulheres, acompanhadas por seus filhos menores de idade, mães, sogras e outros parentes, uma vez que a lei marcial ucraniana obriga os homens entre 18 e 60 anos a permanecerem no país. O perfil desses imigrantes é contrastante com a maioria dos que chegam a Portugal, provenientes de países do sul da Ásia ou do norte da África. Eles não são migrantes econômicos. Na verdade, muitos pertencem à classe média e possuem formação em áreas especializadas, como medicina, engenharia, gestão, economia e ciências.
Competências e profissões
Muitos desses refugiados são profissionais altamente qualificados, cujas competências poderiam beneficiar a economia portuguesa. No entanto, enfrentam obstáculos significativos, como a falta de oportunidades especializadas e as barreiras linguísticas. Além disso, muitos desejam manter as profissões que tinham na Ucrânia, ou até mesmo retornar ao seu país de origem, caso a situação melhore.
Histórias de refugiados
Anastasiia Pshenychna, 32 anos, Jornalista
Anastasiia Pshenychna, de 32 anos, fugiu de Kiev para o oeste da Ucrânia, junto com sua família, no segundo dia da guerra. Formada em economia e gestão, Anastasiia nunca havia trabalhado nessas áreas até chegar a Portugal. Sua experiência profissional na Ucrânia estava focada no mundo editorial, onde atuou como jornalista, correspondente internacional e apresentadora de televisão.
Nadiia Nikitina, 43 anos, Engenheira química
Nadiia Nikitina é uma engenheira química com mais de 20 anos de experiência. Ela deixou sua cidade natal na região de Lugansk e percorreu cerca de quatro mil quilômetros de carro em seis dias para fugir da guerra e alcançar Portugal. Hoje, apesar das circunstâncias que a forçaram a abandonar seu país sem o marido, ela se sente aliviada por ter saído da Ucrânia e encara com otimismo a perspectiva de recomeçar a vida em Portugal.
Maria Shyrkova, 31 anos, Economista
Maria Shyrkova, de 31 anos, é economista e trabalhava em uma empresa comercial e de logística na Ucrânia antes do início da guerra. Após perder seu emprego devido ao conflito, Maria decidiu deixar a Ucrânia e buscar refúgio em Portugal. Atualmente, ela tem um emprego estável e se sente aliviada, mas a dor de pensar em voltar para seu país natal é evidente.
Oportunidades para refugiados
Um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), publicado em 2016, concluiu que os refugiados não são um fardo, mas uma oportunidade. Eles podem ajudar a criar empregos, aumentar a produtividade e os salários dos trabalhadores locais, elevar o retorno do capital, estimular o comércio internacional e o investimento, e impulsionar a inovação e o empreendedorismo.
Conclusão
A situação dos refugiados ucranianos em Portugal é complexa e cheia de desafios, mas também repleta de oportunidades. Com a formação e competências certas, esses refugiados têm o potencial de contribuir significativamente para a economia do país. A chave para aproveitar essa oportunidade é criar um ambiente que permita a eles explorar seu potencial ao máximo, superando barreiras linguísticas e burocráticas, e proporcionando-lhes oportunidades adequadas de emprego e integração.
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