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Porto Brandão – A vila que o tempo esqueceu
Ouvir a melodia do rio Tejo no Porto Brandão já não é tão comum quanto antes. Hoje, o som das ondas quebrando no cais é um dos poucos ruídos que ecoam nessa localidade de Almada. Neste artigo, exploraremos a história, o abandono e as possíveis renovações futuras deste lugar mágico.
Capítulo 1: O som da história
Porto Brandão já foi um local de movimentação e atividade. Os barcos chegavam e partiam em plena capacidade, trazendo e levando trabalhadores das fábricas locais. O apito que marcava o fim do dia de trabalho competia com o barulho das águas do Tejo. Hoje, a vila parece ter se estagnado no tempo, mas continua a ser lar de Joaquim Xarepe.
Xarepe desperta diariamente com uma missão: soltar as ovelhas pelos campos de terra batida que se estendem até um edifício em ruínas, com vista para o Tejo. Este edifício, o Lazareto ou Asilo 28 de Maio, é um tesouro abandonado de Porto Brandão.
Capítulo 2: A paisagem esquecida
O Lazareto, construído em 1858 durante uma epidemia de febre amarela, serviu como quarentenário para viajantes que chegavam a Lisboa. Com o passar dos anos e a perda de sua função original, o local serviu como prisão, asilo para religiosas e meninas desfavorecidas e, finalmente, abrigo para centenas de famílias que chegaram do ex-ultramar após o 25 de Abril.
Xarepe, um ex-militar com marcas da guerra em Angola, estabeleceu-se no Lazareto após o 25 de Abril, compartilhando o espaço com mais de cem famílias, a maioria de Cabo Verde. Hoje, ele é o único habitante remanescente após uma tragédia em 1996 que resultou no realojamento dos 600 moradores.
Capítulo 3: As raízes de Porto Brandão
Porto Brandão tem uma rica história, refletida em seu nome, que aparece na carta foral de 1513 do rei D. Manuel I para Almada. A origem do nome remonta a uma antiga lenda de amor trágico entre Brandão e Paulina, cujos corpos, segundo a lenda, foram encontrados em praias diferentes, que foram então nomeadas em sua homenagem.
Capítulo 4: A ascensão e queda
Entre os séculos XIX e XX, Porto Brandão viveu seu auge. A construção do Novo Lazareto, de um pequeno cais, de um estaleiro de reparação naval, da fábrica de conservas e de pequenas indústrias de tanoaria trouxeram grande atividade ao local. No entanto, a construção da ponte 25 de Abril em 1966 marcou um ponto de virada para Porto Brandão, resultando em perda de empregos e movimentação.
Capítulo 5: A esperança de um renascimento
Apesar do estado de abandono atual, há sinais de um possível renascimento para Porto Brandão. O Lazareto foi comprado em 2020 pela empresa Reformosa, da empresária chinesa Ming Hsu, que planeja transformar o espaço em um conjunto habitacional e hotel. Além disso, a antiga fábrica de conservas foi adquirida por uma nova empresa imobiliária, a Southshore Investments, que planeja desenvolver projetos de urbanização sustentável.
Capítulo 6: Tradição e inovação
Em meio a esses novos desenvolvimentos, projetos para resgatar a herança marítima de Porto Brandão também estão em andamento. Um exemplo é o projeto de recuperação do estaleiro naval do Porto Brandão pela empresa Nosso Tejo, que visa valorizar a construção naval e as tradições marítimo-fluviais.
Capítulo 7: A espera do futuro
Embora haja entusiasmo em relação ao futuro de Porto Brandão, também há ceticismo. Muitos moradores expressam preocupação com a especulação imobiliária e a possibilidade de que os novos empreendimentos beneficiem apenas pessoas de fora. No entanto, a esperança permanece de que Porto Brandão possa reviver seu passado vibrante e prosperar novamente.
Acompanhe o pr óximo episódio da nossa série, ‘Os putos do asilo’, no dia 18 de agosto.
Ficha t écnica
Texto: (Nome do Autor)
Fotografia: (Nome do fotógrafo)
Ilustração: (Nome do ilustrador)
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