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Perseguição, espionagem, ameaças e medo na General Motors durante a ditadura Perseguição, espionagem, ameaças e medo na General Motors durante a ditadura

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Perseguição, espionagem, ameaças e medo na General Motors durante a ditadura

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Em meados de abril de 1972, a rotina de trabalho de Martinho Leal Campos, um funcionário da General Motors em São Caetano do Sul, foi abruptamente interrompida quando um grupo de policiais à paisana invadiu o escritório da fábrica em busca dele. Sua prisão e subsequente tortura lançam luz sobre o período sombrio da ditadura militar brasileira e o papel que a General Motors desempenhou durante esse tempo.

O Início de um Dia Normal

Era uma manhã de sexta-feira, apenas duas semanas após o oitavo aniversário do golpe militar de 1964. Martinho, que havia sido contratado pela GM em outubro de 1970, estava trabalhando em um dos escritórios da fábrica, traduzindo para o português os manuais técnicos dos veículos que começavam a ser fabricados no Brasil. Naquela manhã, ele estava focado na elaboração do manual do Chevette, um novo modelo que seria lançado em abril do ano seguinte.

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A Invasão

Por volta das 11 horas da manhã, vários estranhos invadiram o escritório. Eles eram policiais à paisana, e estavam procurando por uma pessoa específica – Martinho. O gerente tentou ganhar tempo, mas quando Martinho tentou sair, uma colega que retornava de férias gritou seu nome, chamando a atenção dos agentes.

Martinho foi dominado, algemado e espancado, tudo isso dentro da própria empresa em que trabalhava. Em seguida, ele foi levado para o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna) na cidade de São Paulo, onde as sessões de tortura continuaram.

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A Tortura

No DOI-CODI, o primeiro a bater em Martinho foi o notório torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. Nas sessões de tortura subsequentes, Ustra chegou a quebrar os dentes de Martinho. Outros trabalhadores da GM também foram perseguidos, torturados e perderam seus empregos devido à cooperação ativa da empresa com o regime militar.

## O Desaparecimento de Assis Henrique de Oliveira

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Outro caso notável é o de Assis Henrique de Oliveira, que foi demitido da unidade de São Caetano do Sul da GM em 1985, após participar de uma greve. Três anos mais tarde, ele desapareceu, deixando sua família em busca de respostas até hoje. Após ser demitido, Assis caiu em um processo autodestrutivo. Ele vivia em constante medo e temia pela segurança de sua filha e de sua esposa.

A Segurança Militar na GM

O setor de segurança da fábrica da GM em São Caetano do Sul era chefiado por Evaldo Herbert Sirin, um coronel aposentado da Força Aérea Brasileira. Sirin era um dos representantes da GM nas reuniões do Centro Comunitário de Segurança no Vale do Paraíba (Cecose-VP), uma organização composta por chefes de segurança de indústrias e empresas da capital, região metropolitana de São Paulo, interior, litoral e região do Vale do Paraíba, além de agentes de informação de diversos órgãos como Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal e estadual.

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Quem era Martinho?

A prisão de Martinho dentro das dependências da GM demonstra a cooperação entre a empresa e os órgãos de repressão durante a ditadura. Martinho, que era filiado ao PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista) e já havia sido condenado anteriormente por subversão, em 1964, pela Justiça Militar de Pernambuco.

Fotos de Martinho Leal Campos tiradas após sua prisão na fábrica da GM.

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O Julgamento e a Condenação

Martinho foi condenado a dois anos e meio de prisão pela Auditoria Militar de São Paulo em agosto de 1973. No final desse mesmo ano, ele recebeu liberdade condicional, depois que o Superior Tribunal Militar (STM) revogou sua condenação de oito anos no processo de Pernambuco.

A Vida Após a Prisão

Após sua libertação em 1975, Martinho e sua esposa, Maria do Socorro Cunha Campos, retornaram a João Pessoa, onde ele retomou seus estudos na universidade para concluir seu curso de Economia, que havia começado em 1964. Hoje, aposentado, ele continua vivendo em João Pessoa, cuidando de sua esposa doente.

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A história de Martinho serve como um lembrete sombrio do papel que as empresas podem desempenhar na perpetuação de regimes repressivos, e a importância de garantir que os direitos humanos sejam respeitados em todos os aspectos da vida, incluindo o local de trabalho.

Para informações adicionais, acesse o site

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