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Maria José Silveira – Uma analise profunda de suas obras e conflitos brasileiros retratados
(foto: Quinho)
Introdução
A premiada escritora goiana, Maria José Silveira, é famosa por seu engajamento em questões políticas e sociais que moldam a história do Brasil. Seus romances são sagas familiares intrincadas, entrelaçando personagens fictícios com eventos históricos, sociais, políticos e religiosos. Neste artigo, vamos mergulhar profundamente no universo literário de Silveira, explorando como ela recria os conflitos brasileiros em suas obras.
O Fascínio pelo Cerrado
A mais recente obra de Maria José Silveira, ‘Farejador de águas’, é um reflexo de seu amor pelo cerrado e sua preocupação com o possível desaparecimento deste bioma. Esta saga familiar tem início com uma citação de Ailton Krenak e entrelaça personagens fictícios com fatos históricos marcantes do centro do Brasil ao longo do último século.
O romance destaca a habilidade de Silveira em articular eventos reais e criações fictícias, uma característica que ela já demonstrou em livros anteriores como ‘Maria Altamira’ e ‘Guerra no coração do cerrado’.
A influência da Coluna Prestes
Em ‘Farejador de águas’, a Coluna Prestes, um movimento político-militar que ocorreu no Brasil nos anos 1920, serve como um catalisador para as ações dos personagens. A autora expressa seu fascínio por este evento histórico, que acredita ser pouco conhecido pelo público brasileiro.
O impacto da Coluna Prestes na formação dos protagonistas é uma temática importante no livro. Através deste movimento, Silveira oferece aos personagens a oportunidade de se afastar da monotonia de suas vidas isoladas e descobrir mais sobre o país e a necessidade de sua transformação.
A força da religiosidade
A religiosidade, particularmente o ‘misticismo calado no peito’, influencia profundamente o rumo dos personagens nas obras de Silveira. Em ‘Farejador de águas’, a autora se fascina pela história de Santa Dica e sua ‘República dos Anjos’, e incorpora essa história no enredo do romance.
Santa Dica, também conhecida como a ‘Conselheira de Saias’, foi uma figura proeminente na história de Goiás. Como uma jovem mulher de constituição frágil, ela ousou desafiar os coronéis e os poderes da Igreja Católica para fornecer terra e trabalho para aqueles que escapavam da miséria e opressão.
A Construção de Brasília
No romance, a parte intitulada ‘Grandes transformações’ apresenta uma reconstituição da construção de Brasília. Silveira explora o impacto da nova capital para o Centro-Oeste e para o imaginário nacional.
A construção da nova capital foi um sonho antigo dos brasileiros e, especialmente, dos goianos. A realização deste sonho transformou uma extensa região que, até então, era isolada do resto do país.
O Processo de escrita
Para Silveira, a paixão, as palavras e o movimento que o tempo provoca são os ingredientes essenciais para a criação de um romance. Em sua opinião, sem esses elementos, é impossível escrever sobre qualquer tema.
Ao falar sobre o início do processo de escrita, Silveira explica que normalmente seus romances nascem de questões que ela vê ao seu redor. Questões que a mobilizam, a apaixonam e a fazem dedicar um, dois anos de sua vida a pensar e escrever sobre elas.
Conclusão
Maria José Silveira tem uma habilidade incomparável de entrelaçar eventos históricos e personagens fictícios em suas obras, criando narrativas envolventes e profundamente reflexivas sobre a realidade brasileira. Seus romances são uma janela para a história e os conflitos do país, oferecendo ao leitor uma visão única e instigante.
# ‘Assim, quando as minas da região foram finalmente descobertas, os primeiros combates dessa guerra já tinham sido travados. Os ódios estavam instaurados e, a qualquer contato, entravam em ebulição. E, se algumas tribos indígenas do Centro-Oeste eram mais dóceis e fáceis de serem aprisionadas, como a dos goyás, outras, como a dos cayapós, respondiam na mesma moeda a qualquer avanço branco.’
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# (‘Guerra no coração do cerrado’, 2006)
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