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Margarida Maria Alves – Uma Heroína Brasileira Reconhecida
Margarida Maria Alves, uma das figuras mais emblemáticas e inspiradoras da história brasileira, finalmente recebeu o reconhecimento que tanto merece. Seu nome foi aprovado para inclusão no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
A Proposta
A iniciativa de homenagear Margarida surgiu na Câmara dos Deputados, apresentada pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). No Senado, a proposta foi encaminhada à Comissão de Educação e Cultura, onde o relator foi o senador Paulo Paim (PT-RS). A aprovação aconteceu em meio à Marcha das Margaridas, um evento que celebra o legado de Margarida e reivindica justiça, igualdade e paz no campo e na cidade.
Quem foi Margarida Maria Alves?
Margarida Maria Alves nasceu em 5 de agosto de 1933, em Alagoa Grande, no Brejo da Paraíba. Ela se tornou a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande. Durante seus 12 anos de presidência, Margarida lutou incansavelmente pelos direitos dos trabalhadores rurais, como o registro em carteira de trabalho, direito a férias, 13º salário e jornada de trabalho de 8 horas diárias.
A Luta de Margarida
A líder sindical se tornou um símbolo de resistência e luta contra a violência no campo, pela reforma agrária e pelo fim da exploração dos trabalhadores rurais. Para seu filho, José de Arimateia, sua mãe deixou um legado imenso.
>’Minha mãe foi única no que fez como ser humano limitado, mas por onde eu passo e tenho oportunidade, testemunho desta sua luta. E, além disso, é de suma importância sempre lembrar a luta que esta guerreira trilhou e tombou, através do Movimento de Mulheres e dos Movimentos Sociais’, destacou.
O Assassinato de Margarida Maria Alves
Margarida Maria Alves foi brutalmente assassinada em 12 de agosto de 1983, na frente de sua casa, com um tiro de escopeta calibre 12 no rosto. Na hora do crime, ela estava acompanhada do marido e do filho pequeno. As denúncias de abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região, feitas por Margarida, resultaram em seu assassinato, encomendado por fazendeiros.
Injustiça e Impunidade
Apesar do assassinato ter ocorrido há quase 40 anos, nenhum dos acusados foi condenado. O crime teve repercussão internacional, com denúncia encaminhada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
A Marcha das Margaridas
Desde 2000, mulheres de diversos movimentos sociais marcham até Brasília em homenagem à memória de Margarida e contra a pobreza, a fome e a violência sexista. A cada quatro anos, essas mulheres se reúnem nas ruas de Brasília para reivindicar políticas públicas voltadas às mulheres camponesas.
O Legado de Margarida Maria Alves
A herança deixada por Margarida estende-se em pelo menos três dimensões. A primeira, como mulher camponesa e sindicalista rural, uma posição pouco comum para a época, principalmente no Nordeste. A segunda, sua luta pelos direitos trabalhistas dos trabalhadores rurais, algo já conquistado pelo setor urbano. Por fim, a educação política dos trabalhadores do campo, mais uma herança deixada por ela.
Indenização ao Filho
José de Arimateia Alves, filho de Margarida, recebeu um total de R$ 431.720, sendo R$ 181.720 a título de reparação econômica e R$ 250 mil por danos morais. A decisão foi unânime da Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região – TRF5.
Reconhecimento Póstumo
A luta de Margarida Maria Alves ecoa até hoje na voz de milhares de trabalhadores rurais que ainda lutam por direitos básicos. Sua coragem e determinação não foram esquecidas e, agora, com a inclusão de seu nome no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, Margarida Maria Alves finalmente recebe o reconhecimento que merece. Uma verdadeira heroína brasileira.
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