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João Dias – Existe mais desordem na higienização urbana””
IDENTIDADE PROFISSIONAL
João Dias, com 61 anos, é o encarregado da equipe de rua da Junta de Azambuja, e tem notado um crescente descaso que resulta no acúmulo de detritos nas vias e no desrespeito ao labor de muitos.
A invisibilidade dos trabalhadores urbanos
João Dias é a voz daqueles que anonimamente trabalham para manter as ruas de Azambuja limpas e a conservação em dia. Sem a atuação destes profissionais, em apenas um dia, a sujeira se acumularia nas ruas, seguida de diversas queixas. A mesma situação ocorreria com a vegetação, constantemente criticada, caso deixasse de ser aparada.
> ‘Fazemos o melhor que podemos, mas não fazemos milagres. A freguesia é grande e, às vezes, é difícil conseguir alcançar todos os lugares. Esta é uma época crítica porque há muita vegetação e muitas pessoas que se incomodam com isso’, resume João Dias.
A rotina de João Dias e sua equipe
A partir das 08h00, os 12 trabalhadores começam o serviço, orientados por João Dias, com um plano semanal que ele elaborou, mas que nem sempre é possível cumprir, seja por falta de recursos ou porque algum freguês fez uma reclamação e é preciso atender ao seu pedido.
As atividades diárias incluem varrer ruas, consertar buracos nas estradas, cortar vegetação, realizar pequenos reparos nas escolas, parques infantis ou mobiliário urbano. No entanto, apesar de cuidar do espaço público ser uma obrigação de todos os que dele usufruem, João Dias nota um crescente desrespeito.
> ‘Cada vez mais se nota que as pessoas são mais indisciplinadas na questão da limpeza urbana’, atesta o funcionário.
A falta de civismo
Dias dá um exemplo da falta de civismo que observa: ‘Vê-se de tudo. As raspadinhas, por exemplo… As pessoas vêm com isso na mão e jogam no chão. A senhora que vai limpar à frente olha para trás e já tem um papel no chão. Acho que as pessoas não estão sensibilizadas para manter as coisas limpas. Há muita falta de civismo, posso dizer.’
A trajetória de João Dias
Já se passaram cerca de sete anos desde que João Dias, começou a trabalhar na Junta de Freguesia de Azambuja. Ele começou varrendo ruas – tarefa que nunca o envergonhou -, e agora ocupa a função de encarregado geral, orientando o trabalho e ensinando os novos membros da equipe.
> ‘Já tive pessoas que têm vergonha de varrer. Parece que têm algum pudor de andar com uma vassoura na rua, pelo que os outros podem pensar. Eu nunca tive, é um trabalho como qualquer outro’, afirma o azambujense.
O impacto das redes sociais
Desde que iniciou suas funções, após um ano desempregado devido ao fechamento da Impormol – fábrica de molas onde trabalhou por 30 anos -, Dias nota que as redes sociais têm um impacto cada vez maior em sua profissão.
> ‘Estamos sempre muito atentos ao que as pessoas escrevem sobre a freguesia e o nosso trabalho. Em parte, é uma ajuda, é um alerta para que se faça o serviço naquele local. Mas com a parte da crítica sem razão não lido bem, é complicado’, diz ele.
A gratificação
Apesar das críticas, o que conforta Dias é o respeito e a gratidão que a maioria das pessoas demonstra pelo trabalho realizado.
> ‘A maioria das pessoas reconhece o que fazemos e nos parabenizam muitas vezes’, reforça com orgulho.
Situações inusitadas
Com o passar dos anos, Dias foi conhecendo melhor os fregueses e se deparando com algumas situações inusitadas ou, se preferir, caricatas.
> ‘Há pessoas que estacionam o carro perto do local onde estamos fazendo reparos ou cortando vegetação e depois vão dizer que foi a junta de freguesia que danificou o carro. Há um aproveitamento às vezes’, lamenta.
A questão dos buracos nas estradas
Sobre a tarefa de tapar buracos nas estradas com massa fria, Dias é peremptório: ‘Se não tapamos mais buracos é porque não temos condições. Temos um compactador, mas de resto fazemos tudo à mão’. Além disso, há muitas estradas danificadas e as massas frias não resolvem.
> ‘As autarquias estão gastando muito dinheiro para tapar pequenos buracos nas estradas. Se investissem tudo de uma vez, não estariam gastando tanto em massas frias que não são definitivas’, argumenta.
‘Não estudei o que gostaria de ter estudado’
Dias diz estar feliz com a profissão que exerce, apesar de ter passado por muitas outras, desde a agricultura à construção civil.
> ‘Nunca tive medo da mudança. Adapto-me com muita facilidade e isso é uma mais-valia’, acredita Dias.
Ele se considera uma pessoa humilde e profissionalmente exigente. E, apesar de não ter concluído seus estudos como gostaria, ele se sente realizado e feliz na profissão que exerce.
> ‘Consegui cedo a minha independência e sou feliz a fazer o que faço’, conclui.
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