Notícias
Impacto dos Incêndios no Pantanal Brasileiro – Uma Análise Profunda
Introdução
Os incêndios que assolaram o Pantanal em 2020 foram devastadores, com uma extensão de cerca de 44.998 km², o que corresponde a mais de 30% do bioma brasileiro, segundo uma nova pesquisa publicada na revista Fire. Essa estimativa é significativamente maior do que as estimativas anteriores.
Estudo e Metodologia
O estudo, liderado por cientistas do [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)], utilizou imagens de satélite da missão Sentinel-2 para criar um modelo que forneceu uma análise mais precisa das áreas queimadas. Este modelo mostrou-se mais eficaz em comparação com outros produtos operacionais disponíveis para o Pantanal. A precisão do Sentinel-2 foi de cerca de 96%, o que pode ajudar a aperfeiçoar as estimativas de emissões de gases e aerossóis relacionados à queima de biomassa.
Resultados da Pesquisa
Os resultados da pesquisa não sugerem que um modelo seja superior a outro, mas destaca as diferenças metodológicas. A engenheira florestal Andeise Cerqueira Dutra, doutoranda na Divisão de Observação da Terra e Geoinformática (DIOTG-Inpe), explica que as imagens do sensor MSI a bordo dos satélites Sentinel-2 apresentam duas vantagens: resoluções espaciais e temporais, que são cruciais para estudos desse tipo.
A Necessidade de Melhoria nos Dados
O estudo ressalta a importância de desenvolver métodos para melhorar os dados sobre os impactos do fogo em regiões críticas para as mudanças climáticas, como o Pantanal. Isso permitiria uma avaliação mais precisa das consequências desses incêndios nos ecossistemas e na biodiversidade. A urgência dessa necessidade aumenta com a previsão de um forte fenômeno El Niño este ano, que pode deixar a parte norte do Pantanal e seu entorno na bacia do Alto Paraguai mais secos e susceptíveis ao fogo.
Importância da Análise
O pesquisador da DIOTG-Inpe Guilherme Augusto Verola Mataveli enfatiza a importância de aprimorar esse tipo de análise para obter estimativas em escala regional. Não só para refinar a quantificação de áreas devastadas, mas também para calcular as emissões de gases de efeito estufa, que têm impacto direto nas mudanças climáticas.
Impactos dos Incêndios
A crise do fogo no Pantanal em 2020 foi causada por uma seca extrema, que tende a ser cada vez mais frequente não só na região, mas em outras partes do Brasil. Os impactos dessas crises climáticas no bioma e na sua biodiversidade são vastos e exigem uma compreensão mais profunda para a tomada de decisões relacionadas à gestão e à mitigação dos efeitos do fogo.
Consequências
As consequências desses incêndios vão além da destruição da vegetação. Do total de áreas queimadas, 35% foram atingidas pela primeira vez. Pesquisas realizadas após a crise constataram que o fogo matou cerca de 16 milhões de animais de pequeno porte e 944 mil de maior porte. As onças-pintadas, o maior felino das Américas, foram muito afetadas, com os focos de incêndio consumindo 80% da área de vida desses animais, atingindo 45% deles no bioma.
Impactos na Saúde Humana
Além dos impactos na fauna e na flora, os incêndios também afetaram a saúde humana. Houve um aumento de casos de problemas respiratórios na população dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com mais internações, como mostrou um levantamento da Fiocruz. Além disso, o custo estimado da restauração após os incêndios chegou a cerca de US$ 123 milhões.
Situação Atual
Segundo dados do Inpe, entre janeiro e 23 de agosto deste ano, o Pantanal registrou 381 focos de fogo, um número significativamente menor do que no mesmo período de 2020, quando foram registrados 8.127 focos. Entretanto, incêndios florestais têm se intensificado em todo o mundo, deixando mortos e destruindo vilas na Europa e nos Estados Unidos.
Conclusão
A pesquisa reforça a necessidade urgente de ação e de melhorar os dados sobre os impactos dos incêndios em áreas sensíveis às mudanças climáticas. Esses dados são essenciais para a tomada de decisões eficazes e para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Este conteúdo está alinhado aos [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)], na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas . ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima, ODS 15 – Vida terrestre.
Para informações adicionais, acesse o site