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Imortalidade Literária – Um Exame Crítico
Introdução
A imortalidade, embora esteja saturada de vaidade, comete erros graves. É essencial observá-la com imparcialidade, reconhecendo tanto suas manchas quanto suas grandezas. Afinal, tudo que é humano está sujeito a erros e injustiças.
A Igreja e a Academia Brasileira de Letras
A própria Igreja, em seus mais de dois milênios de existência, silenciou algumas de suas vozes mais poderosas e puniu Galileu Galilei por ter confirmado que a terra se movia. No entanto, ela, de fato, se move.
Da mesma forma, a Academia Brasileira de Letras (ABL), em sua história, cometeu e ainda comete erros significativos. Julia Lopes, que participou das reuniões para a fundação da ABL, foi vetada por ser mulher. Lima Barreto foi negligenciado por ser visto como marginal.
Exemplos de Injustiça
Há outros exemplos de injustiça na ABL. Paulo Barreto, também conhecido como João do Rio, teve que lutar mais de uma vez para garantir seu lugar entre as quarenta cadeiras do velho e afrancesado Petit Trianon.
Além disso, Getúlio Vargas, que manteve Graciliano Ramos preso nos cárceres da Ilha Grande, foi eleito como membro da ABL. O poeta Mario Quintana foi derrotado por duas vezes, respondendo à injustiça com um verso que expressa a imortalidade de um verdadeiro poeta: ‘Eles passarão, eu passarinho’.
O Poder da Contradição
É interessante observar a força da contradição na ABL. Apesar de ter sido injustiçado, João do Rio, uma vez eleito, criou a farda, com seus arabescos dourados, colar e espadim que simbolizam a glória. Mesmo eleito, ele não negou a beleza do mundo das ruas, que ele tão bem retratou em sua obra.
Erros Recentes da ABL
Em anos recentes, a ABL, sob a suposta influência do presidente José Sarney, derrotou o grande poeta Marcus Accioly, do Recife, em favor do governador, senador e vice-presidente Marco Maciel.
A Ironia de José Lins do Rego
José Lins do Rego, em sua saudação irônica e corajosa ao antecessor, Ataulpho de Paiva, retratou-o como um vaidoso habilidoso, um frequentador da alta sociedade, do tipo que mandava flores às damas, ia a batizados e casamentos, sabia ficar de ‘olhos molhados em missa de sétimo dia, com parabéns a ministros, posses, quartos de defunto’.
Conclusão
Em suma, a imortalidade literária, representada pela Academia Brasileira de Letras, tem suas falhas e injustiças. No entanto, ela também tem suas grandezas e glórias. É importante observá-la com imparcialidade, reconhecendo seus erros e valorizando suas conquistas.
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