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Crítica às taxas de juros – O argumento de Lula
O ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, fez críticas contundentes aos juros em vigor no país e ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Em um evento comemorativo de programas de microcrédito produtivo e orientado do Banco do Nordeste (BNB) em Fortaleza, ele avaliou que a taxa de juros ainda é alta.
O desafio dos juros altos
> ‘Vamos continuar brigando porque 2,16 ao mês é muita coisa, é quase 30% ao ano, porque é juro sobre juro. Acho que vamos baixar ainda. Claro que não queremos quebrar o banco, porque o banco precisa dar lucro. Se quebrar, será muito pior para nós – além de ficarmos devendo, não teremos o banco para emprestar’, argumentou Lula.
O papel dos bancos públicos
‘A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Basa, o BNB e o BNDES só fazem sentido se fizerem coisas diferentes dos bancos privados. Se for para fazer igual, não precisa existir’, disse. ‘Precisamos ter dinheiro para investir e dinheiro para ser investido a juros baixos. Por isso, o presidente do Banco Central precisa saber que ele é presidente do Banco Central do Brasil e não de um país que não seja o Brasil e que precisa baixar os juros’.
A autonomia do Banco Central
Durante o evento, Lula lembrou que Campos Neto foi indicado para o cargo ainda durante o governo de Jair Bolsonaro e que o Banco Central atua de forma autônoma.
> ‘Não há mais interferência da Presidência da República, que podia chamar o presidente do Banco Central e conversar. Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem o indicou. E quem o indicou não fez coisas boas nesse país. A sociedade brasileira vai descobrir com o tempo’, concluiu.
A queda dos juros médios
Os juros médios dos bancos vêm caindo nos últimos meses, segundo dados do BC. Considerando o conjunto dos recursos livres e direcionados para pessoas físicas, o pico dos juros aconteceu em maio: 38,2% ao ano. Para empresa, o pico foi em janeiro: juros a 22,2%. Desde então, há redução nas taxas mês a mês, com flutuações, e desaceleração no crescimento em 12 meses.
Crédito livre vs. crédito direcionado
No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado – com regras definidas pelo governo – é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
A taxa Selic
O comportamento dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a expectativa do mercado financeiro é de queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 13,25% ao ano. Definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a Selic é o principal instrumento usado pela autoridade monetária para alcançar a meta de inflação.
A queda da inflação
Diante da forte queda da inflação, o Copom iniciou, no mês passado, um ciclo de redução da Selic. A última vez em que o BC tinha diminuído a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19.
Aumento dos preços e a Selic
Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
Projeções para a Selic
Até o fim do ano, a previsão dos analistas é que a Selic caia para 11,75%. Com isso, a taxa de captação dos bancos (o quanto é pago pelo crédito) vem recuando. Desde abril, ela está em queda e ficou em 11,3% em julho.
Crédito rotativo
Entretanto, em julho, o crédito rotativo do cartão de crédito cresceu novamente, indo para 445,7% ao ano. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias. A modalidade é uma das mais altas do mercado, e o Banco Central já estuda o fim do crédito rotativo do cartão de crédito.
Fonte: EBC Política Nacional
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