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CPI do MST – Ex-presidente do INCRA e diretor da Suzano são ouvidos
Nesta quarta-feira (23), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ouviu Geraldo Melo Filho, ex-presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), e Luis Bueno, diretor-executivo da Suzano Papel e Celulose.
Breve Histórico
Geraldo Melo Filho, filho do ex-governador do Rio Grande do Norte, Geraldo Melo, é economista e produtor rural. Ele foi indicado por Jair Bolsonaro, então presidente, para presidir o INCRA entre 2019 e 2022.
Razão dos Depoimentos
Os depoimentos foram solicitados com base em requerimentos propostos pelos deputados federais Diego Garcia (Republicanos-PR) e Kim Kataguiri (Democracia Cristã-SP). O motivo foi a invasão de três fazendas de cultivo de eucalipto da Suzano, em Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas, na Bahia, pelo MST em 27 de fevereiro de 2023.
A Invasão e o Acordo
Segundo o MST, a ocupação visava fazer a Suzano cumprir um acordo feito com o INCRA e o movimento em 2011. Após denúncias do MST sobre danos causados pela monocultura de eucalipto na região, a Veracel, Fibria e Suzano se comprometeram a ceder terras para assentamentos da reforma agrária.
A Suzano declarou, em nota, que a entrega completa das áreas depende de processos públicos ainda não efetuados ou implementados pelo INCRA.
Impactos Ambientais e Sociais
O MST argumenta que as ações da Suzano também visam destacar os custos ambientais e sociais causados pela presença da empresa na região, que cresce há 30 anos. Eliane Oliveira, da direção Estadual do MST na Bahia, relata que 70% das áreas agricultáveis da região estão nas mãos de empresas de papel, principalmente da Suzano.
A Suzano alega que gera 7 mil empregos diretos na região e, através de seus projetos sociais, alcança 82 comunidades.
Lucros e Danos
Em 2022, o lucro líquido da Suzano aumentou 20% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 22,56 bilhões. No entanto, os trabalhadores rurais argumentam que esse lucro não retorna à sociedade. Além disso, eles alegam que a produção de eucalipto em larga escala está causando uma crise hídrica nos municípios e denunciam a pulverização aérea de agrotóxicos e a destruição da flora e fauna.
Estudo Sobre Impactos Ambientais
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) e do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França, destaca o impacto ambiental dos monocultivos de eucalipto. Segundo os pesquisadores, essas plantações podem consumir quase a mesma quantidade de água que a chuva traz para as bacias em seu pico de crescimento.
CPI do MST
Estabelecida em maio deste ano, a CPI do MST tem um período de 120 dias para concluir suas atividades, com a possibilidade de prorrogação por mais 60 dias mediante solicitação assinada por pelo menos 1/3 dos deputados. O relator da comissão, o deputado Ricardo Salles (PL-SP), já informou que não prorrogará os trabalhos, que devem ser encerrados em 14 de setembro.
Links Relacionados
* Diligência da CPI do MST vai a acampamento fora da rota prevista e impede imprensa de acompanhar(https://www.brasildefato.com.br/2023/08/11/diligencia-da-cpi-do-mst-vai-a-acampamento-fora-da-rota-prevista-e-impede-imprensa-de-acompanhar)
* Stedile na CPI do MST: o que a mídia comercial viu?(https://www.brasildefato.com.br/2023/08/22/stedile-na-cpi-do-mst-o-que-a-midia-comercial-viu)
Conclusão
A CPI do MST continua seus trabalhos com o objetivo de esclarecer os acontecimentos e possíveis irregularidades envolvendo o MST, o INCRA e empresas como a Suzano Papel e Celulose. As informações e depoimentos colhidos serão fundamentais para o relatório final que será apresentado ao término dos trabalhos da comissão.
Edição: Rodrigo Chagas
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