Cassinos no Brasil – Uma Questão de Legalidade e Ética

Introdução

Cassinos, magníficos salões do passado, onde a alta sociedade se reunia para apostar em roletas e cartas de baralho, estão no centro de um debate nacional. A questão é: legalizar ou não legalizar?

1. O Medo dos Conservadores

Os conservadores veem uma ameaça à juventude e à família brasileira na manutenção de cassinos e outras instalações de jogo. Eles vinculam o jogo à prostituição, ao crime organizado e ao controle dos sindicatos de apostas. Daí para alcançar os políticos é apenas um pequeno passo.

1.1 O Jogo e a Política

Financiamento de campanhas eleitorais, viagens ao exterior para visitar cassinos em outros países, facilitação de relacionamentos amorosos são a moeda corrente no esforço de liberação de mais um jogo de azar. No Brasil, só o Estado pode explorar os jogos de azar e o mais conhecido deles é a loteria.

2. O Jogo Informal

Na informalidade, ou clandestinidade, é o jogo do bicho, que sempre foi aceito como um mal menor graças às pequenas apostas populares e à credibilidade dos bicheiros de responder honestamente aos ganhadores.

2.1 A Ética no Jogo

A ética é tudo no jogo. Ganhou, leva, mesmo que quebre a banca, mas não quebra o negócio da contravenção. Assim como a loteria estatal diz que ampara instituições de benemerência, os banqueiros do jogo fazem o mesmo. E o fazem, patrocinando escolas de samba, especialmente do Rio de Janeiro.

3. Legalizar ou Não Legalizar?

O lobby favorável à legalização é muito poderoso e rico. Eles argumentam que muitos brasileiros milionários viajam para Las Vegas, Mônaco ou Estoril e deixam lá grandes fortunas.

3.1 Benefícios Econômicos

Eles dão emprego aos croupiers e a toda a cadeia de trabalhadores com jogos no exterior e isso poderia ser usufruído aqui. Os remediados, apaixonados pelos cassinos, gastam menos com viagens de avião e buscam os cassinos do Uruguai e Paraguai.

3.2 Impacto na Balança Comercial

Os cassinos também contribuem para o desfalque da balança comercial do país. Ainda que os valores sejam ridículos comparados com o produto interno bruto brasileiro. Mas, já se disse por aqui, o que vale é a versão do fato e não o fato em si.

4. A Propaganda dos Cassinos

Reportagens amigas, anúncios pagos, merchandisings feitos por celebridades ilustram o cenário de um país com liberdade de jogo. Afinal, joga quem quer, ninguém é obrigado a jogar!

4.1 O Risco do Vício

Perder o salário do mês é problema do arriscador e de sua família. E é aí que a oposição também se pega! Deixa de lado a questão econômica e passa para a conduta. Não se confia em um funcionário viciado nas maquininhas dos cassinos.

5. Era de Ouro dos Cassinos

Ninguém esquece da era de ouro dos cassinos, com seus belíssimos salões apinhados de homens de gravata e paletó e mulheres com seus vestidos maravilhosos. É o local da reunião do que se chama high society.

5.1 Os Cassinos e a Política

Eles apostam nas roletas e nas cartas de baralho nos mais de 70 cassinos em funcionamento. A maior parte deles na glamorosa capital do país. Deputados, senadores, ministros do Supremo, funcionários do alto escalão, governadores e outros representantes do Estado estão sempre presentes. É o local adequado para os conchavos políticos de toda ordem, do pedido de um emprego público ao financiamento de uma obra de grande porte.

Conclusão

Em 1946, para surpresa de todos, os cassinos foram fechados pelo Presidente Dutra. Alguns dizem que além da influência de sua esposa, pesou também a lembrança do ditador Vargas, recém deposto. Desde então, a questão da legalização dos cassinos permanece em aberto, com forte lobby de ambos os lados.

O autor do artigo é Heródoto Barbeiro, jornalista do R7 e Nova Brasil (89.7), bem como autor de vários livros de sucesso. Ele é Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”, clicando aqui.

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