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A Transição do Rio Amazonas – O Período de Alerta para Grandes Inundações
Após um período de 131 dias de contínua diminuição do nível do Rio Negro, os primeiros sinais de elevação foram observados no final de outubro. Isso trouxe à tona uma questão relevante: o Amazonas está à beira de uma grande inundação?
A Mudança do Nível do Rio
Segundo a Defesa Civil do Amazonas, o pico da seca de 2023 ocorreu na sexta-feira, 27 de outubro, onde a cota mínima estava em 12,70 metros. Até a quarta-feira, 1º de novembro, a medição indicou que o Negro atingiu 13,02 metros.
A Opinião dos Especialistas
A mudança no comportamento do rio era esperada por especialistas, considerando a presença de chuvas em algumas calhas que alimentam os rios no estado. No entanto, é preciso ter cautela em afirmar que o processo de seca se encerrou totalmente, como explica a pesquisadora em Geociências do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), Jussara Cury.
> ‘Nos últimos dias, o Rio Negro em Manaus apresentou subidas inicialmente na ordem de 5 cm, 7cm e no registro mais recente 8 cm, essa subida seria o resultado do processo de recuperação do Solimões e Negro que ocorre há duas semanas. Isso pode indicar o final da vazante na região? Ainda não, essa fase agora seria de estabilidade dos níveis que estão muito baixos, podem apresentar oscilações e sua recuperação depende da permanência das subidas nas regiões do Alto Solimões e Alto Rio Negro, e do retorno do período de chuvas na bacia como todo’, apontou a pesquisadora.
O Momento de Transição
Igor Jacaúna, geólogo da Defesa Civil do Amazonas, definiu o atual momento como um processo de transição. Isso porque, das nove calhas dos rios no Amazonas, cinco estão em processo de enchente e quatro em final de vazante.
Previsões para o Futuro
A questão que surge é: com uma estiagem que quebrou recordes históricos neste ano, podemos esperar uma cheia também histórica em 2024?
O ano de 2009 foi emblemático para o povo amazonense, pois houve uma grande cheia, seguida de uma grande seca que impactou diretamente o estilo de vida dos cidadãos.
Recordes Históricos?
Atingindo a marca de 29,77 metros, o Rio Negro registrou uma das maiores cheias da região, quebrando o recorde de 100 anos. Entre os efeitos do fenômeno, 11 bairros da capital amazonense sofreram com os alagamentos, atingindo mais de 4 mil famílias.
Meses depois, o Rio Negro registrou uma das 30 maiores vazantes, até aquele momento, conforme informações do superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) no Amazonas, Marco Antônio Oliveira.
Após uma grande cheia, seguida de uma grande seca, o ano de 2010 foi marcado por uma estiagem ainda mais severa, sendo considerada a pior desde o início do registro do nível do rio, recorde quebrado este ano.
Questionada se em 2024 teremos novos recordes históricos, assim como aconteceu em 2009 e 2010, Jussara Cury explica que o fenômeno ocorreu pela presença do El Niño na região, sendo assim, os rios não tiveram tempo suficiente para recuperar seus níveis.
Impactos nos Municípios
A seca de 2023 comprometeu o dia a dia da população, impedindo o translado entre os municípios e atividades básicas.
A Situação de Emergência
O Boletim da Estiagem 2023, divulgado pelo Governo do Amazonas, colocou todos os 62 municípios amazonenses em situação de emergência.
Por conta da seca, uma mulher grávida precisou ser resgatada de helicóptero em uma comunidade que está com acesso restrito devido à queda dos rios.
A Educação em Risco
A educação também foi um dos setores afetados pela grande seca. Segundo dados da Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc-AM), mais de 5,5 mil alunos em comunidades ribeirinhas foram impactados pela vazante dos rios.
Impactos no Setor Industrial
No setor industrial, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), Valdemir Santana, informou que aproximadamente 15 mil trabalhadores entrarão em férias coletivas por conta da forte seca que atinge do Amazonas.
O Fenômeno das ‘’Terras Caídas’’
O fenômeno das ‘’terras caídas’’ também se fez presente em vários municípios do Amazonas, trazendo consigo uma série de problemas e desafios.
O Desequilíbrio Ambiental
Ao falar sobre o desequilíbrio ambiental na região, o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Rogério Marinho, disse que o evento é mais comum em rios de águas brancas, não é tão comum nas margens do Rio Negro, muito menos comum dentro das ilhas do Arquipélago de Anavilhanas.
Conclusão
O Amazonas está em um momento crucial de transição. Com a possibilidade de uma grande enchente em 2024, os especialistas estão em alerta e a população aguarda com ansiedade os próximos passos dessa história. Uma coisa é certa: a natureza, mais uma vez, nos surpreende com sua força e imprevisibilidade.
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