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A Origem do Preconceito contra o Nordeste e sua Perpetuação no Século XXI

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Nesta análise, vamos explorar a origem do preconceito contra o povo do Nordeste brasileiro e como essa visão distorcida e preconceituosa persiste no século XXI, apesar dos avanços na consciência social e cultural.

O Nordeste e a visão xenófoba do início do século XX

Em 1923, uma série de artigos intitulada ‘Impressões do Nordeste’, publicada no jornal O Estado de São Paulo, consolidou uma visão xenófoba e degradante do Nordeste. Escritos por Paulo de Moraes Barros, os textos descreviam o Nordeste como uma ‘terra do sofrimento’, povoada por uma ‘raça inferior’ e atingida pela ‘miséria habitual’.

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> ‘Os estereótipos nunca são neutros.’ – Rosa Cabecinhas, professora e pesquisadora

O choque cultural: o encontro com o preconceito

A descoberta do preconceito pode acontecer de maneira surpreendente, como ocorreu com Octávio Santiago, um brasileiro de Natal, que vivenciou um momento de xenofobia durante uma viagem a Portugal. Apesar de ser nordestino, uma senhora brasileira expressou surpresa, alegando que ele ‘não tinha cara de nordestino’. Essa experiência levou Santiago a refletir sobre a origem do preconceito contra o povo do Nordeste, um ponto que ele abordou em seu projeto de tese na Universidade do Minho.

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A perpetuação do preconceito no século XXI

No século XXI, o preconceito histórico contra o Nordeste ressurgiu em várias ocasiões. Por exemplo, o governador Romeu Zema, de Minas Gerais, defendeu a união dos estados do Sudeste e do Sul contra o Nordeste e o Norte, alegando que os primeiros produzem mais riqueza para o país.

Essa visão polarizada provocou uma série de reações indignadas, acusando Zema de promover o separatismo. Essa postura mostra como o preconceito contra o Nordeste não é apenas uma relíquia do passado, mas uma realidade presente e persistente.

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A visão degradante do Nordeste no início do século XX

No início do século XX, a imagem do Nordeste era de uma região atrasada e miserável. Os textos de Moraes Barros, por exemplo, descreviam o nordestino como um produto de uma ‘Babel de sangue deprimida’, uma população ‘supersticiosa’, ‘fatalista’ e ‘indolente’.

Essa visão negativa era reforçada por teorias eugenistas da época, que viam os nordestinos como inferiores aos habitantes do Sul e do Sudeste. Moraes Barros chegou a descrever os nordestinos como ‘bípedes’, uma expressão desumanizadora que reforça a visão de que eles eram menos que humanos.

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O estigma da ‘mestiçagem’

Na época, a mestiçagem era vista como um sinal de degeneração racial. Moraes Barros, por exemplo, descreveu a população nordestina como uma ‘amálgama informe de cruzamentos entre brancos, pretos e aborígenes’. Ele também defendeu a ideia de que a população nordestina precisava ser ‘branqueada’ através da imigração europeia.

> ‘A mestiçagem era tratada como uma raça impura, degenerada, atrasada e indolente.’ – Marlon Marcos Vieira Passos, doutor em antropologia

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O surgimento do termo ‘Nordeste’

O termo ‘Nordeste’ surgiu pela primeira vez em um documento público em 1919, com a criação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS). Antes disso, o Norte era uma região vaga que abrangia tudo o que estivesse acima do que hoje se entende como Sudeste.

A perpetuação do preconceito no século XXI

Apesar dos avanços na consciência social e cultural, o preconceito contra o Nordeste persiste no século XXI. Durante as eleições presidenciais de 2022, por exemplo, apoiadores de Jair Bolsonaro publicaram uma série de ofensas contra as pessoas do Nordeste.

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Além disso, a xenofobia contra os nordestinos aumentou 821% em 2022, em comparação com 2021, segundo a Safernet, uma ONG que acolhe denúncias de crimes contra os direitos humanos na internet.

A luta contra o preconceito

Para combater o preconceito contra o Nordeste, é necessário promover a informação e a desconstrução das manifestações preconceituosas. As vozes de líderes políticos e formadores de opinião são fundamentais nesse processo.

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A pesquisadora Alice Lima, por exemplo, realizou uma investigação na Universidade Federal do Paraná (UFPR) sobre os discursos de teor racista e xenófobo contra os nordestinos durante a campanha de 2022. Ela concluiu que os melhores antídotos contra essa prática são a informação e a desconstrução imediata das manifestações logo que acontecerem.

Conclusão

Em conclusão, é evidente que o preconceito contra o Nordeste tem raízes históricas profundas e ainda persiste no século XXI. No entanto, a conscientização e a desconstrução dessas visões preconceituosas são passos fundamentais para combater essa forma de discriminação.

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Para informações adicionais, acesse o site

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