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A Onda Gigante da Inteligência Artificial no Jornalismo
A inteligência artificial (IA), apesar de não ser um fenômeno novo ou inesperado, está trazendo mudanças radicais para a indústria do jornalismo. Com a crescente incorporação de IA nos ecossistemas informativos, a produção de notícias está passando por uma revolução tecnológica que desafia a profissão jornalística a se reinventar.
IA no Jornalismo: Uma Introdução
Em 2010, o projeto Narrative Science lançou o Quill, um programa que utilizava algoritmos para monitorar as movimentações da bolsa de valores de Nova Iorque e produzir relatórios automatizados para investidores. Desde então, a IA tem se tornado um tópico cada vez mais popular, graças ao marketing agressivo das chamadas Big Techs (Google, Facebook, Twitter, Apple e Microsoft).
O Impacto da IA na Prática Jornalística
A IA promete transformar a prática do jornalismo de maneira ainda mais profunda do que a digitalização e a internet. Através da automação das rotinas e regras da profissão, a IA tem potencial para assumir uma grande parte do espaço ocupado atualmente por jornalistas humanos. Entre as possíveis mudanças estão a automação da coleta e edição de dados, fatos e eventos que geram notícias.
Algoritmos e Bancos de Dados
Os algoritmos de IA vasculham a internet em busca de dados digitalizados. Esses robôs eletrônicos selecionam o material solicitado, reorganizam os resultados e geram um texto baseado em programas de linguagem natural. A exatidão, confiabilidade e relevância dos resultados dependem do volume de dados examinados.
O Crescimento Exponencial dos Dados
O volume de dados disponíveis na internet já é tão grande que ultrapassa a capacidade de expressão de números comuns. Estima-se que, até dezembro, haverá 120 trilhões de gigabytes de dados arquivados na web aberta, que cresce a um ritmo de 26% ao ano. Na chamada web profunda, onde apenas algoritmos sofisticados conseguem acessar, há cerca de 7,5 quatrilhões de gigabytes armazenados.
A Implementação da IA na Indústria Jornalística
Cada vez mais empresas jornalísticas estão adotando a IA. O conglomerado News Corporation, por exemplo, distribui semanalmente três mil artigos produzidos por IA para 75 jornais locais na Austrália, com apenas quatro jornalistas. Na Alemanha, o jornal Bild já demitiu 200 profissionais substituídos por softwares de IA.
IA e Desemprego no Jornalismo
A substituição de humanos por softwares de IA é tão intensa no jornalismo que a empresa de consultoria KPMG estima que 43% dos profissionais atualmente empregados serão desempregados ou mudarão de atividade até 2040. A devastação causada pela IA no jornalismo pode ser até maior do que a crise no modelo de negócios da imprensa causada pela migração de anunciantes para a internet.
IA e a Produção de Notícias
A automação pode fazer com que a produção de notícias deixe de ser a principal atividade diária de repórteres e editores para se tornar uma função restrita a projetos investigativos especiais. A principal preocupação passa a ser a confiabilidade, pertinência, relevância e contextualização das notícias publicadas em plataformas digitais.
O Jornalista como Curador de Notícias
Diante da enxurrada de informações produzidas automaticamente, o jornalista terá que assumir o papel de ‘curador de notícias’. Isso exigirá novas habilidades e competências, como cultura geral, reflexão crítica, capacidade de contextualizar números, estatísticas, fatos, eventos e ideias, experiência na checagem de fatos e uma alta dose de credibilidade pessoal.
A IA e a Desinformação Eleitoral
Com eleições gerais e parciais ocorrendo em 70 países até o final de 2024, é alta a probabilidade de que candidatos e partidos recorram à IA para fins de desinformação. Essa é uma preocupação perturbadora, pois poucos países têm uma justiça eleitoral atuante, jogando basicamente sobre o jornalismo a maior responsabilidade no combate à manipulação de informações.
A IA é uma onda gigante que está atingindo o jornalismo, trazendo consigo um tsunami de desafios e oportunidades. Cabe aos profissionais da área se adaptar e surfar nessa onda, ou correr o risco de serem engolidos por ela.
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