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A Indústria Gaúcha e o Desaquecimento no Segundo Semestre de 2023
O segundo semestre de 2023 se inicia com a indústria gaúcha mostrando sintomas de desaquecimento, uma tendência que vem persistindo desde o final do ano anterior. Essa percepção é corroborada pela pesquisa Sondagem Industrial, realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS).
Sinais de Desaquecimento
Segundo Gilberto Porcello Petry, presidente da FIERGS, a produção e o emprego na indústria gaúcha tiveram quedas além do esperado para o período. Além disso, os estoques superaram as projeções e a ociosidade também se mostrou acima do planejado.
Produção e Emprego em Queda
O índice de produção, que havia registrado 46,3 pontos em julho, mostrou um desempenho abaixo do esperado, pois a taxa abaixo de 50 indica uma queda em relação ao mês anterior. Isso representa o pior resultado para o mês desde 2015, um período em que normalmente se espera crescimento. Nos últimos 11 meses, o aumento na produção industrial gaúcha ocorreu apenas em março de 2023.
A mesma tendência negativa foi observada no emprego na indústria gaúcha, com o índice do número de empregados registrando 44,8 pontos, abaixo dos 50 e da média histórica do mês de 48,2. Isso sinaliza uma retração além do normal. Desde dez meses atrás, o emprego na indústria gaúcha não apresenta crescimento e o ritmo de queda em julho foi o mais intenso desse período.
Estoques e Ociosidade
Os estoques de produtos finais aumentaram, apesar da redução na produção, o que indica uma demanda fraca e possíveis dificuldades futuras para a produção. O índice de evolução de estoques marcou 52,9 pontos no sétimo mês do ano, acima de 50, sinalizando crescimento em relação ao mês anterior. O índice de estoque efetivo em relação ao planejado pelas empresas não só se manteve acima dos 50 pontos, mas também cresceu 1,4 ponto, chegando a 54,6.
O nível de ociosidade também se mostrou preocupante, com a utilização da capacidade instalada (UCI) de 70% sendo considerada bem abaixo do normal. O índice de UCI efetiva em relação à usual, que considera a UCI comum para o mês, registrou 40,7 pontos em julho.
Perspectivas para o Futuro
Apesar dos dados preocupantes, os empresários gaúchos ainda mantêm uma perspectiva positiva para a demanda nos próximos seis meses, de acordo com a pesquisa realizada entre 1º e 9 de agosto com 200 empresas, sendo 45 pequenas, 66 médias e 89 grandes. No entanto, o otimismo diminuiu, com o índice de expectativas de demanda caindo para 51,4 pontos no mês, ante 52,9 de julho.
Os empresários projetam crescimento da demanda, mas também esperam queda do emprego (47,7 pontos), das compras de matérias-primas (49,2) e das exportações (47,1).
Intenção de Investimento
A Sondagem Industrial também revelou que o índice de intenção de investimento do setor nos próximos seis meses, que reflete a disposição de investir em máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento e inovação de produto ou processo, pouco se alterou. O índice passou para 51,8 pontos nesse mês, 0,6 acima de julho. A proporção de indústrias gaúchas com intenção de investir atingiu 53,4% do total.
A Visão do Empresário
Para o empresário e presidente da Associação Comercial, Cultural e Industrial de Erechim (ACCIE), Darlan Dala Roza, a economia em geral, e mais especificamente a indústria, está encolhendo, seguindo um ciclo de declínio há vários meses.
Segundo ele, geralmente o segundo semestre do ano apresenta uma tendência de ser melhor, o que dá um certo otimismo à classe empresarial em ter uma ocupação maior das fábricas. No entanto, a economia pós-pandemia cresceu industrialmente, houve um aumento na capacidade industrial, que agora com esta baixa existe uma capacidade ociosa, ou seja, as fábricas não estão sendo 100% ocupadas.
A expectativa é que ocorra uma nova queda da redução da taxa de juros, ou seja, mais 0,5%, o que deve acontecer no próximo dia 19, trazendo otimismo novamente entre a classe empresarial. ‘O segundo semestre, no geral, é melhor do que o primeiro’, finaliza.
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Nota: O artigo foi escrito com base em informações do jornal Bom Dia e da pesquisa da Sondagem Industrial.
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