Notícias
A Herança Cultural de Maceió – Uma Reflexão sobre o Impacto da Mineração
A Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, um marco histórico entre os bairros do Bom Parto e Bebedouro, em Maceió, agora está interditada. O impacto da mineração tem se mostrado implacável, levando a desastres urbanos e perda de patrimônio cultural.
O Efeito da Extração de Sal-Gema
Segundo a professora Adriana Capretz, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o tremor de terra causado pela extração de sal-gema deixou marcas indeléveis na cidade. A professora Adriana, especialista em patrimônio histórico, trabalha com um grupo de pesquisadores focado na área afetada pela mineradora Braskem.
> ‘A perda do patrimônio cultural afeta a todos, não somente os mais de 50 mil ex-moradores da região. O direito à memória está na Constituição. Não apenas a memória do patrimônio construído, que são os prédios históricos, mas também do patrimônio imaterial, intangível, aquele que está na nossa memória, são as referências, é a sabedoria das pessoas que moravam lá’, explica Adriana.
A Avenida: Um Legado Abandonado
Durante seu discurso, a professora Adriana citou várias edificações históricas da Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, tais como a Igreja Nossa Senhora do Bom Parto, o prédio do Instituto do Meio Ambiente (IMA), a sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) e o complexo do Centro Sportivo Alagoano (CSA).
Além desses marcos, a avenida também conta com o Complexo Estadual Nossa Senhora do Bom Conselho, tombado por lei estadual. Este complexo, formado por uma escola e uma capela construídas em 1886, serviu como asilo de órfãs durante a época de Dom Pedro II.
As Gêmeas de Bebedouro
Na mesa-redonda que discutiu a destruição do patrimônio cultural de Maceió, foi lançado o livro ‘As Gêmeas de Bebedouro e a Poética do Espaço Habitado’, de autoria da arquiteta Nara Núbia Sa. O livro conta a história de duas casas idênticas construídas entre 1920 e 1930, um presente de um pai para suas filhas gêmeas que se casaram no mesmo dia.
A Cidade Engolida
Outro livro discutido na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas foi ‘A Cidade Engolida’, organizado pelas professoras Natallya Levino, da Ufal, e Marcele Fontana, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O livro reúne vários estudos sobre o impacto do desastre, com foco na visão econômica e financeira dos moradores, os impactos sobre o turismo na região e a responsabilidade social e corporativa da empresa de mineração.
A Memória Preservada
Apesar da perda física, a professora Adriana ressalta que a memória se mantém viva quando as pessoas continuam a falar sobre ela. A memória da cidade e de seus marcos históricos continua viva nas conversas e discussões, na luta pela preservação e no desejo de justiça.
> ‘As demolições começaram a ser feitas no Mutange. As pessoas não conseguem mais identificar onde eram as casas delas. As quadras em que elas moravam já não existem mais. É um grande vazio. E retirando o material, o imaterial é diretamente afetado, isso vai afetar as memórias, as lembranças’, lamenta Adriana.
A pergunta que todos se fazem é: o que será feito daquilo? Por enquanto, a resposta permanece incerta.
—
Este artigo é baseado em informações de fontes confiáveis, mas não substitui a consulta a um profissional especializado. Para mais informações sobre o tema, consulte a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas(https://www.bienalalagoas.com.br/).
Para informações adicionais, acesse o site