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A Dissolução do Patrimônio Cultural de Maceió – Uma Reflexão Profunda
Avenida Major Cícero de Goes Monteiro: Uma Rua Esquecida
A Avenida Major Cícero de Goes Monteiro, que antes unia os bairros Bom Parto e Bebedouro em Maceió, é agora uma sombra de seu passado. A presença desta via importante foi apagada tanto do Google Maps quanto do Google Street View, representando uma perda significativa do patrimônio cultural da cidade. Este é apenas um dos muitos impactos duradouros que surgiram após o terremoto causado pela extração de sal-gema, ocorrido há cinco anos.
A Tragédia Ambiental: Um Olhar Mais Profundo
A professora Adriana Capretz, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), destacou esta perda durante a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Adriana, especialista em patrimônio histórico, história e memória, trabalha com um grupo de pesquisadores focado na área desocupada pela mineradora Braskem. Esta área inclui cinco bairros de Maceió – Bebedouro, Mutange, Bom Parto, Pinheiro e uma parte do Farol. A destruição causada pela mineração é considerada a maior tragédia ambiental urbana relacionada à mineração em todo o mundo.
O Impacto Cultural: Uma Realidade Inegável
Segundo Adriana, a perda do patrimônio cultural afeta a todos, não apenas os mais de 50 mil ex-moradores da região. Ela argumenta que o direito à memória está consagrado na Constituição. Isso se aplica não apenas à memória do patrimônio construído (os edifícios históricos) mas também ao patrimônio imaterial, intangível, que reside em nossa memória coletiva.
O Legado da Avenida: Uma Relíquia Abandonada
Ao longo de sua apresentação, Adriana mencionou várias construções históricas localizadas na Avenida Major Cícero de Goes Monteiro. Entre elas estão a Igreja Nossa Senhora do Bom Parto, o prédio do Instituto do Meio Ambiente (IMA), a sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) e o complexo do Centro Sportivo Alagoano (CSA).
As Gêmeas de Bebedouro: Um Patrimônio Perdido
Na mesma mesa-redonda, foi lançado o livro ‘As Gêmeas de Bebedouro e a Poética do Espaço Habitado’, de Nara Núbia Sa. A autora compartilhou a história da casa de sua família, uma das duas casas idênticas construídas entre 1920 e 1930 como presente de um pai para suas filhas gêmeas que se casaram no mesmo dia. A casa, com muitos detalhes e materiais importados, é um exemplo vívido do patrimônio perdido.
A Cidade Engolida: Uma Perspectiva Acadêmica
Outro livro discutido na Bienal foi ‘A Cidade Engolida’, organizado pelas professoras Natallya Levino e Marcele Fontana. O livro apresenta uma série de estudos sobre os impactos da mineração na cidade, desde a visão econômica e financeira dos moradores até a responsabilidade social e corporativa da empresa de mineração. O e-book está disponível para a população por meio deste