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Perseguição, Espionagem e Medo na General Motors Durante a Ditadura
Introdução
Em Abril de 1972, uma cena cinematográfica se desenrolou no escritório da fábrica da General Motors em São Caetano do Sul, São Paulo. Martinho Leal Campos, um redator de publicações técnicas, estava concentrado em seu trabalho quando um grupo de policiais à paisana entrou no escritório procurando por ele. Este incidente marcou o início de uma saga de perseguição e medo que muitos trabalhadores enfrentaram durante a ditadura militar no Brasil.
O Trabalhador e o Regime
Martinho era filiado ao Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT) e já havia sido condenado por subversão em 1964 pela Justiça Militar de Pernambuco. Ele foi dominado pelos policiais, agredido e levado para o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna), onde foi torturado.
Ele não foi o único a passar por isso. Outros trabalhadores também foram perseguidos e torturados, perdendo seus empregos e sofrendo maus momentos devido à cooperação ativa da GM com o regime de exceção.
A Insegurança no Trabalho
O setor de segurança da fábrica de São Caetano do Sul era chefiado pelo coronel aposentado da Força Aérea Brasileira Evaldo Herbert Sirin. Sirin era um dos representantes da GM nas reuniões do Centro Comunitário de Segurança no Vale do Paraíba (Cecose-VP), uma organização composta por chefes de segurança de indústrias e empresas, além de agentes de informação de diversos órgãos como Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal e estadual.
Prisões e Torturas
Martinho foi torturado por vários agentes conhecidos por suas práticas violentas, como Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-CODI, e Dirceu Gravina, um delegado da Polícia Civil conhecido como JC.
Ele foi torturado com espancamentos, choques elétricos e tortura psicológica. Seus companheiros de prisão, incluindo sua esposa, também foram submetidos a tratamentos semelhantes.
O Impacto da Perseguição
A prisão de Martinho dentro das dependências da General Motors do Brasil em 1972 é um exemplo claro da cooperação existente entre a empresa e os órgãos de repressão durante a ditadura. Isso ocorreu no período de maior repressão no país, com a perseguição e desmantelamento de partidos e organizações opositoras ao regime militar e defensores da democracia.
Fotos tiradas do trabalhador da General Motors Martinho Leal Campos após sua prisão na fábrica da empresa.
Além da perseguição física, os trabalhadores perseguidos também enfrentaram dificuldades profissionais. Seus nomes foram incluídos em uma ‘lista suja’, o que dificultava a recolocação profissional. Muitos também perderam seus empregos e enfrentaram pressão psicológica intensa.
Conclusão
A história de Martinho Leal Campos e de outros trabalhadores da GM é um lembrete sombrio do papel que as empresas podem desempenhar na perseguição política. A GM cooperou ativamente com o regime de exceção, resultando em tortura, perseguição e medo para muitos de seus trabalhadores.
Hoje, aposentado, Martinho vive em João Pessoa, onde cuida de sua esposa enferma. Sua história é um testemunho da resistência e da luta pela democracia no Brasil durante um período de repressão intensa.
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