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Wagner Group – Desvendando os Mistérios do Grupo Mercenário Russo
No panorama da segurança privada, um nome tem assumido destaque nos últimos tempos – o Grupo Wagner. Este não é um coletivo de artistas ou músicos, mas uma organização mercenária que ganhou proeminência devido às suas operações em várias partes do mundo. Sua origem e operação, no entanto, são envoltas em mistério e controvérsia.
Origens e Fundação
O Grupo Wagner, frequentemente referido como ‘Exército Wagner’, é uma entidade paramilitar de origem russa, que ganhou destaque internacional devido à sua atuação em zonas de conflito. Seu nome foi inspirado pelo líder revolucionário alemão Richard Wagner, que era o favorito de Hitler. Segundo relatórios, o grupo foi fundado por Dmitry Utkin, ex-integrante das forças especiais russas, conhecidas como Spetsnaz.
+ Quem é Yevgeny Prigozhin? Líder do grupo Wagner teria morrido em queda de avião(https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/quem-e-yevgeny-prigozhin-lider-do-grupo-wagner-teria-morrido-em-queda-de-aviao.phtml)
Os primeiros indícios de sua existência datam de 2014-2015, no contexto das escaramuças no Donbass, o prelúdio para o atual conflito na Ucrânia. Os líderes e executivos são ex-oficiais militares do antigo bloco soviético.
Operações e Atividades
Uma característica particular desse tipo de atividade é o emprego de ex-militares como soldados e pessoas-chave. O Wagner expandiu-se durante a intervenção russa na Síria em apoio a Bashar al-Assad, e posteriormente começou a operar na África, a convite dos governos africanos, para conter revoltas locais e o Jihadismo.
De acordo com Ricardo Lobato, CEO e Analista-Chefe da EQUILIBRIUM Consultoria, um Think Tank brasileiro especializado em análise de risco político, a influência do grupo é grande na Rússia, mas é observada de perto pelo governo. A tentativa de revolta mal sucedida no final de junho deste ano foi rapidamente contida, e o grupo mudou suas operações, antes baseadas em São Petersburgo, para a vizinha Belarus.
Relação com Putin
Além do episódio de junho, a relação do grupo com o presidente russo, Vladimir Putin, chama a atenção. O Wagner, como qualquer empresa de segurança militar privada, tinha contratos com o Estado. O antigo líder do grupo, Yevgeny Prighozin, que aparentemente morreu devido à queda de um avião recentemente, era dono de uma empresa que fornecia refeições para o Kremlin e outros órgãos da administração, como um buffet.
O Grupo Wagner possui uma relação entre o Estado e
seu líder, uma vez que o grupo também tem riqueza e poder. Lobato destaca que durante o conflito russo-ucraniano, o Wagner foi uma das peças fundamentais para o avanço russo, sendo a espinha dorsal de combates importantes, como a tomada de Bakhmut. Em vídeo após a revolta, o próprio presidente Putin afirmou que a Rússia pagou ao Grupo Wagner cerca de US$ 1 bilhão de maio de 2022 a maio de 2023.
No entanto, as atividades do Grupo Wagner são frequentemente envoltas em controvérsia. Relatórios indicam que eles operam com pouca supervisão oficial, de acordo com a BBC, e são acusados de cometer abusos contra os direitos humanos em algumas regiões onde atuam. A falta de transparência e prestação de contas levanta questões sobre sua legitimidade e moralidade.
Motim de Junho
Para explicar o conflito que ocorreu entre o governo russo e o grupo mercenário, Ricardo exemplifica com fatos históricos algumas situações que podem ajudar a entender a situação de 2023.
‘A Rússia, por razões históricas – de Roma para Bizâncio, de Bizâncio para Moscovia – é ‘A Nova Roma’. Uma parte da identidade do país é fundada nesta sequência milenar da Cidade dos Césares. Os líderes russos, mesmo os soviéticos, tinham uma aura de César’, diz Lobato.
Ele também usou a Roma Imperial como exemplo:
> A revolta do Wagner em junho foi uma tropa romana que voltava para casa com um comandante com demandas muito peculiares que, como todos sabem, não foram atendidas — tanto que tudo se encerrou em menos de 48h’.
Possível Tensão
Ricardo divide os dois momentos de tensões em duas situações: a interna, do país, e a do conflito especificamente. Ele afirma que a economia da Rússia está indo bem e que o país continua crescendo, conforme informado pelo Banco Mundial, com muitas vagas de emprego e sem efeitos da guerra ‘no bolso’. ‘Ou seja, o presidente russo ‘ganhou’ mais essa batalha’, diz Lobato.
> Em termos globais, a tensão geral vai continuar até que o conflito no campo de batalha cesse de vez, isso é um fato. Contudo, se confirmado o falecimento do líder do Wagner que — é importante dizer, já havia perdido seu poder e influência desde junho –, muitos analistas e líderes globais perceberão que as coisas são mais sérias (e complexas) do que imaginavam’.
O Grupo Wagner permanece como um enigma no mundo da segurança privada e do cenário geopolítico global. Sua atuação obscura, controvérsias e relações suspeitas com o governo russo lançam luz sobre os desafios que as atividades de grupos mercenários representam para a paz e a estabilidade em várias regiões do mundo.
Enquanto a comunidade internacional continua a observar suas atividades com cautela, o Grupo Wagner permanece como um exemplo preocupante das complexidades da segurança privada em um mundo em constante mudança.
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