Estudantes universitários de Canindé em risco de perder aulas devido à falta de transporte

A instabilidade política e administrativa de Canindé de São Francisco

O município de Canindé de São Francisco, localizado na região do Alto Sertão Sergipano, está passando por um período de instabilidade política e administrativa bastante significativo. Nos últimos dois meses, o prefeito atual, Weldo Mariano de Souza, do partido PT, foi afastado do cargo pelo Tribunal de Justiça de Sergipe, a pedido do Ministério Público do mesmo estado e, depois, retornou à prefeitura.

O vice-prefeito Joselildo Almeida do Nascimento, conhecido como Pank, do partido SDD, chegou a assumir a liderança do Executivo por um breve período. No entanto, ele não permaneceu no cargo por muito tempo, dada a situação instável. Pank havia rompido politicamente com o prefeito Weldo Mariano.

A situação dos estudantes universitários em Canindé

No meio dessa turbulência política, os estudantes universitários do município, que precisam se deslocar para outros municípios e até mesmo para outros estados para frequentar as aulas, se encontram em uma situação difícil. Eles afirmam que estão sem transporte gratuito, uma situação que contrasta com a realidade vivida por estudantes de outros municípios sergipanos.

Vários estudantes relatam que conseguem pagar a mensalidade das faculdades privadas, mas não conseguem cobrir os custos com transporte e alimentação. Outros, que possuem bolsas com 100% de isenção da mensalidade, temem perdê-las devido à falta de transporte.

Os depoimentos dos estudantes

Mirtes Santos Correa, uma estudante de Fisioterapia que precisa se deslocar até a cidade de Paulo Afonso, na Bahia, expressou seu descontentamento com a falta de apoio do poder público. Ela afirmou:

> ‘A situação em Canindé é uma vergonha e merece uma intervenção. É injusto que muitos alunos deixem de estudar por falta de transporte gratuito. O vice-prefeito Pank chegou a prometer quando assumiu, porém, Weldo retirou. O caso foi encaminhado ao Ministério Público’.

Mikael Silva Marcelino, um estudante de Biomedicina que também precisa se deslocar para Paulo Afonso, falou sobre as dificuldades enfrentadas:

> ‘Os estudantes tentam a retomada do transporte, porém até hoje não temos novidades. Os gestores só nos enganam e continuamos sem transporte. A situação da nossa cidade é precária. Nenhuma outra cidade vizinha dispõe de transporte universitário, exceto Canindé. Isso é uma vergonha! Continuarei estudando e lutando para Canindé retomar a oferta deste tipo de transporte, que é fundamental’.

Outra estudante, que pediu para não ser identificada por medo de represálias, contou que conseguiu uma bolsa integral, mas não tinha condição de cursar devido ao transporte. Ela disse:

> ‘Eu consegui minha bolsa 100% na faculdade, mas descobri que não havia transporte gratuito. A renda da minha família, quando eu comecei a faculdade, era apenas o Bolsa Família, então ficou muito complicado para pagar o transporte e sustentar a casa ao mesmo tempo. Eu consegui um trabalho no início desse novo semestre, e foi a minha saída, pois se eu não conseguisse esse trabalho provavelmente teria de trancar o curso ou recorrer a algum tipo de ajuda, já que o próprio município nunca se manifestou’.

A questão do transporte gratuito para universitários

A Constituição Federal não responsabiliza o Município pela oferta do ensino superior. No entanto, muitos municípios disponibilizam o transporte gratuito de universitários a partir da locação de veículos privados custeados pelo Poder Público ou contribuem com uma parcela do pagamento por meio da parceria com associações de estudantes.

Em alguns municípios, a situação encontrada está respaldada pela Lei Nº 12.816, de 5 de junho de 2013, que liberou o uso dos ônibus escolares doados pelo Ministério da Educação para o transporte de universitários, desde que não haja prejuízo ao transporte de alunos da zona rural.

A Redação entrou em contato com o prefeito Weldo Mariano e com a Prefeitura de Canindé de São Francisco, mas não obteve respostas até o momento do fechamento desta matéria.

—

Por Keizer Santos

Para informações adicionais, acesse o site