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Descolonização Ainda Pendente – A Insurreição do Níger
A descolonização não é apenas uma questão de independência política, mas também de liberdade econômica e cultural. No caso das antigas colônias francesas na África Ocidental, o processo ainda está longe de ser concluído.
1. A Persistência do Imperialismo
Muitos países do mundo ex-colonial, após estabelecerem governos autoritários para retomar o controle de seus recursos naturais e construir indústrias protegidas por barreiras comerciais, procuraram ser reintegrados na hegemonia imperialista através da ordem econômica neoliberal.
No entanto, um segmento desse mundo nunca concluiu sua descolonização: as antigas colônias francesas da África Ocidental. Apesar da substituição dos administradores franceses por pessoal local, essas nações não conseguiram se libertar, mesmo que temporariamente, da dominação francesa e, consequentemente, da hegemonia metropolitana.
2. A Presença Militar Francesa
Tropas francesas permaneceram estacionadas em cada um desses países, e eles estavam ligados a uma união monetária com a França, onde sua moeda, o franco CFA (iniciado em 1945), tinha uma taxa de câmbio fixa com o antigo franco francês (e, depois, com o euro). Esta taxa de câmbio sempre foi mantida um pouco sobrevalorizada.
3. O Impacto da União Monetária
Em qualquer união monetária, o segmento que tem a moeda sobrevalorizada se torna menos competitivo e é impactado pela desindustrialização e pelo desemprego. No caso da África francófona, a união monetária com a França a uma taxa de câmbio sobrevalorizada condenou esses países a uma ausência permanente de indústria.
4. As Commodities e a Moeda Sobrevalorizada
As commodities primárias exportadas por esses países tinham que ser vendidas no mercado internacional a preços fixados em dólares (e, portanto, em francos) e uma moeda sobrevalorizada significava simplesmente que os salários internos tinham que ser ajustados para baixo a fim de manter esses países competitivos no mercado internacional de commodities primárias.
5. O Resultado Líquido
O resultado líquido foi que a população local não ganhou em termos de salários, mas perdeu em termos de emprego. Em suma, esses países estavam condenados a um estado permanente de subdesenvolvimento e de pobreza extrema.
6. Reservas de Divisas e Controle Monetário
A maior parte das reservas de divisas desses países (pelo menos 50%) era mantida na França, o que ampliava os recursos cambiais disponíveis para a França. Além disso, para manter a taxa de câmbio fixa com a moeda francesa, sua política monetária tinha que estar alinhada com a da França, o que significava que tinha que ser controlada pelas autoridades monetárias francesas.
7. A Manutenção Política do Status Quo
Este estado de coisas bizarro foi mantido politicamente por uma variedade de medidas, desde eleições fraudulentas a golpes de Estado e até assassinatos. O caso mais chocante foi o de Thomas Sankara, um militar revolucionário marxista e pan-africanista do Burkina Faso, que queria as tropas francesas fora de seu país. Sankara foi assassinado por um de seus colaboradores.
8. A CEDEAO e a Preservação do Status Quo
Foi formada uma organização, a CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), dominada por líderes pró-ocidentais da África Ocidental, que assumiu a responsabilidade de preservar o status quo e, portanto, de promover a causa do imperialismo.
9. A Revolta Popular Anti-imperialista
Recentemente, tem havido um levantamento popular anti-imperialista em vários países da África francófona. Na Guiné, no Mali, no Chade e em Burkina Faso, chegaram ao poder governos anti-imperialistas que querem as tropas francesas fora de seus países.
10. O Níger e a Luta pela Descolonização
O Níger é o país mais recente a se juntar a este grupo. Os governos deste grupo de países chegaram ao poder através de golpes de Estado. Este fato permitiu aos países imperialistas desqualificarem esses governos como ‘anti-democráticos’, embora nunca tivessem tomado uma posição semelhante em relação aos golpes de Estado que instalam regimes pró-imperialistas.
Em conclusão, a luta pela descolonização na África francófona está longe de terminar. Enquanto a presença imperialista persistir, os esforços para a verdadeira liberdade econômica e cultural continuarão.
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