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O Futuro Incerto da Capital Nacional do Carvão
Por João Silva
Localizada no extremo sul do Brasil, a pequena cidade de Candiota (RS) abriga aproximadamente 10.000 habitantes e é responsável por cerca de 40% das reservas nacionais de carvão mineral. No entanto, o mundo está cada vez mais focado em reduzir o consumo de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa, deixando o futuro econômico de Candiota em uma posição incerta.
O Dilema de Candiota
O dilema enfrentado por Candiota é um exemplo de uma situação que muitas cidades ao redor do mundo provavelmente enfrentarão nos próximos anos. Como parte do Acordo de Paris, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030 e atingir a neutralidade das emissões até 2050. Essa meta força cidades como Candiota, cuja economia depende principalmente das mineradoras e usinas termelétricas que operam na região, a buscar novas alternativas econômicas o mais rápido possível.
A importância do carvão para a região é evidente desde a entrada da cidade, onde uma placa com a imagem de uma usina substitui a letra ‘i’ no nome de Candiota. O símbolo do carvão também é incorporado em vários negócios locais.
A Dependência do Carvão
Apesar de possuir reservas suficientes para produzir energia equivalente a uma Itaipu de carvão, Candiota opera apenas duas minas e duas usinas termelétricas, que geram um total de apenas 695 MW – ou 0,3% da capacidade total de geração de energia do Brasil.
Isso se deve, em parte, às abundantes fontes de energia renovável do Brasil, como água, vento e sol, que são mais baratas e limpas. Além disso, o carvão da região é de baixa qualidade, o que o torna relativamente ineficiente.
Impactos da Transição Energética
A preocupação dos habitantes de Candiota vai além dos acordos internacionais. Eles estão preocupados com os impactos imediatos para a economia local se a indústria do carvão for encerrada.
A usina Pampa Sul, inaugurada em 2018, tem um contrato de fornecimento de energia para o Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN) até o final de 2043. Já a termelétrica Candiota 3, administrada pela Eletrobras, terá seu contrato encerrado em 31 de dezembro de 2024.
A Importância das Usinas para a Economia Local
‘Sem a usina, o município volta à estaca zero. É o que gera emprego e renda’, afirma Rosanea Mendonça, proprietária de um trailer de lanches na cidade. Muitos dos seus familiares e amigos trabalham na termelétrica, e ela espera que a usina continue operando.
A Realidade dos Trabalhadores
De acordo com o Dieese, dos 2.533 trabalhadores registrados no município em 2019, 445 trabalhavam na geração de energia elétrica, 257 na extração de carvão e 30 no beneficiamento do mineral.
Impactos Ambientais
Por outro lado, um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) coloca Candiota 3 e Pampa Sul como as unidades mais poluentes do Brasil em termos de emissões de gases de efeito estufa.
O Futuro da Energia no Brasil
Ao contrário de muitos países, o Brasil possui uma matriz elétrica predominantemente limpa – 83,64% é renovável, de acordo com dados de 2023 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso oferece ao país a oportunidade de migrar suas plantas fósseis para outras fontes de geração de energia.
Conclusão
O futuro de Candiota é incerto. No entanto, a cidade oferece um exemplo do que muitos lugares ao redor do mundo podem enfrentar à medida que a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis se torna uma necessidade global.
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