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Protagonismo feminino – Uma força transformadora no semiárido brasileiro
As mulheres têm se destacado como heroínas da resistência e inovação no semiárido brasileiro, lutando por seus direitos e implementando tecnologias sociais que beneficiam suas comunidades. Este artigo explora o papel vital que essas mulheres desempenham na região e como suas ações estão fazendo a diferença.
Uma jornada de resistência e inovação
No assentamento Esperança, Governador Dix-Sept Rosado, no Rio Grande do Norte, Dona Nitinha e suas companheiras estão revolucionando a forma como a comunidade vive e trabalha. Em seu quintal, Dona Nitinha mantém uma variedade impressionante de mais de 40 espécies frutíferas, plantas medicinais, uma horta, galinhas, forragem, um sistema de tratamento de águas cinzas, produção de biofertilizante e uma cisterna que abastece sua família. Além disso, em colaboração com outras mulheres, ela gerencia a construção de cercas com uma máquina própria.
Intercâmbio internacional: Uma troca de experiências
A casa de Dona Nitinha foi um dos locais visitados durante o intercâmbio internacional entre semiáridos latino-americanos, realizado pelo projeto DAKI – Semiárido Vivo(/categorias/602324-projeto-daki-semiarido-vivo-e-uma-iniciativa-unica-inovadora-e-com-grande-potencial-para-gerar-mudancas-permanentes). Esta iniciativa envolveu mais de 950 agricultores e técnicos de três regiões semiáridas.
> Intercâmbio internacional entre semiáridos latino-americanos. Foto: ASA
De agricultora para agricultora: Compartilhando sabedoria
Antonio Barbosa, coordenador do projeto DAKI – Semiárido Vivo, explica que o objetivo dos intercâmbios entre agricultoras e agricultores é promover a visitação de experiências bem sucedidas, inspiradoras e protagonizadas por outros agricultores. A aprendizagem de agricultora para agricultora é uma maneira eficaz de compartilhar conhecimento e práticas bem-sucedidas.
O poder da organização feminina
As mulheres têm desempenhado um papel central na luta pela defesa do território agroecológico do Apodi. Entre 2011 e 2012, juntamente com a Comissão de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi , da qual Nova já foi coordenadora, realizaram uma grande mobilização para enfrentar as empresas do agro e hidronegócio. Esta mobilização ficou conhecida como ‘Somos Todas Apodi(https://semiaridovivo.org/iniciativas/comissao-de-mulheres-do-sttr-apodi-auto-organizacao-das-trabalhadoras-rurais-e-o-enfrentamento-ao-agronegocio/)’ e ganhou solidariedade de outras mulheres e do movimento da Marcha Mundial das Mulheres.
Reaproveitamento de água e saneamento rural no semiárido
Outro exemplo de liderança feminina vem de Alexandra Farias, também conhecida como Sandra, agricultora do Assentamento São José, no município de Caraúbas. Sandra combina diferentes tecnologias e atividades produtivas em sua propriedade. Ela mantém uma horta, produz pães e quitutes na cozinha comunitária, que mantém junto com outras companheiras, e construiu seu próprio sistema de reuso de águas cinzas.
Cooperativismo no Rio Grande do Norte
Experiências bem-sucedidas de cooperativismo também foram apresentadas durante o intercâmbio no Rio Grande do Norte. A Cooperativa Potiguar de Apicultura e Desenvolvimento Rural Sustentável (COOPAPI), sediada no município de Apodi, foi fundada em 2014 e envolve 399 agricultores familiares de todos os municípios do Rio Grande do Norte.
A cooperativa mantém parcerias com 16 casas de mel, 22 associações e possui outras 13 cooperativas ligadas a ela. A COOPAPI se especializou no artesanato a partir do algodão agroecológico e possui uma unidade de beneficiamento de frutas.
Acesso aos mercados sem intermediação
Um dos pontos fortes da COOPAPI é o acesso a mercados sem intermediação. Isso é possibilitado pelo acesso a políticas públicas, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE). Além disso, a cooperativa também realiza vendas diretas aos consumidores através das feiras de agricultura familiar da bodega que possui na cidade de Apodi.
O impacto do cooperativismo
Para Maria Elisabete Menezes, técnica do Instituto Agronômico de Pernambuco, a experiência de visitar as cooperativas foi muito impactante. ‘Para mim foi uma experiência muito forte a questão das cooperativas’, avaliou. Este sentimento foi compartilhado por Valterlândio Cardoso, agrônomo do Patac, na Paraíba, que se sentiu inspirado pelas experiências que presenciou no Rio Grande do Norte.
Conclusão
O protagonismo feminino no semiárido brasileiro tem sido uma força transformadora, trazendo inovação, resistência e mudança positiva para a região. Através do trabalho colaborativo, a implementação de tecnologias sociais e a defesa de seus direitos e território, estas mulheres estão moldando o futuro do semiárido brasileiro e servindo de exemplo para o mundo.
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